Em 1979, iniciou-se uma revolução na nossa maneira de agir, de fazer exercícios, de nos comunicar, de desestressar e até de pensar. A forma de ouvir músicas pessoais deixa espaços comuns e aparelhos grandes, e passa a ser uma experiência individualizada e portátil: o walkman é lançado e em menos de dois anos atinge a marca de mais de 1 milhão de consumidores, o que revela sua contemporaneidade para a época - mas um crescimento medíocre hoje em dia, comparado ao jogo PokemonGo, que, da data de criação, atingiu 50 milhões de usuários em menos de 20 dias.
Anos depois do revolucionário “tocador de fitas portátil”, vem o MD e o discman, seguidos por players de mídias digitais, com o MP3, o iPod e, 40 anos depois dessa revolução provocada pela Sony, assinaturas de músicas digitais permitindo o streaming de música, tornando grandes inovações obsoletas em décadas.
De desktops a smartphones que levam desde o trabalho até segredos na palma da mão, foram menos de 60 anos de mutação da tecnologia, criando recursos, equipamentos e softwares que tomaram conta das decisões do dia a dia.
Há quem acredite que a tecnologia venha mudando as nossas relações com mundo a cada inovação, reconfigurando as relações de trabalho, a relação com a informação e, sem dúvida, atribuindo novo significado ao conhecimento. Se a inteligência no século XVIII era precedida por acúmulo de informação e conteúdos, definitivamente o título de “enciclopédia ambulante” não cabe mais aos alunos de hoje em dia.
A velocidade de transformação é desacompanhada pela falta de comunicação e a tecnologia levou uma condecoração que não lhe cabe inteiramente. A indubitabilidade e a imprevisibilidade da mudança fazem com que não esperemos por ela ao mesmo tempo em que ocorre dentro de nossas casas, na escola e na vida, aumentando nossa incapacidade de gerir tamanhas transformações de geração em geração que se desconhece e se desconecta a cada sinal de wi-fi.
A proposta não é, de forma alguma, que nos coloquemos contra essa tal inteligência artificial, mas que reconheçamos, também, que essas modernizações dependem do ser humano para serem usadas, geridas e, principalmente, criadas.
A escola assume um novo papel diante desse cenário, não só pelo conteúdo arcaico que ainda ministra, mas por ensinar essas mentes criativas que serão os engenheiros desse mundo virtual em que vivemos.
Ou seja, não cabe à escola apenas promover o uso consciente
a favor da educação, mas sim humanizar e trabalhar as tais habilidades para
garantir que ainda sejamos capazes de argumentar, inferir, predizer,
questionar, concordar, discordar e criar. Afinal, que o uso adequado da
tecnologia seja mais uma forma de nos tornar mais humanos.